quinta-feira, 19 de abril de 2012


A educação na era da tecnologia




A mídia segundo José Manuel Moran



As mídias na educação


“A simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma mais enganosa de ocultar seus problemas de fundo sob a égide da modernização tecnológica. O desafio é como inserir na escola um ecossistema comunicativo que contemple ao mesmo tempo: experiências culturais heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação, além de configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu encanto”.
Jesús Martín Barbero 

As mídias educam
Estamos deslumbrados com o computador e a Internet na escola e vamos deixando de lado a televisão e o vídeo, como se já estivessem ultrapassados, não fossem mais tão importantes ou como se já dominássemos suas linguagens e sua utilização na educação.
A televisão, o cinema e o vídeo, CD ou DVD - os meios de comunicação audiovisuais - desempenham, indiretamente, um papel educacional relevante. Passam-nos continuamente informações, interpretadas; mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros.
 A informação e a forma de ver o mundo predominantes no Brasil provêm fundamentalmente da televisão. Ela alimenta e atualiza o universo sensorial, afetivo e ético que crianças e jovens – e grande parte dos adultos - levam a para sala de aula. Como a TV o faz de forma mais despretensiosa e sedutora, é muito mais difícil para o educador contrapor uma visão mais crítica, um universo mais  mais abstrato, complexo e na contra-mão da maioria como a escola se propõe a fazer.
A TV fala da vida, do presente, dos problemas afetivos - a fala da escola é muito distante e intelectualizada - e fala de forma impactante e sedutora - a escola, em geral, é mais cansativa, concorda?. O que tentamos contrapor na sala de aula, de forma desorganizada e monótona, aos modelos consumistas vigentes, a televisão, o cinema, as revistas de variedades e muitas páginas da Internet o desfazem nas horas seguintes. Nós mesmos como educadores e telespectadores sentimos na pele a esquizofrenia das visões contraditórias de mundo e das narrativas (formas de contar) tão diferentes dos meios de comunicação e da escola.
Percebeu que na procura desesperada pela audiência imediata e fiel, os meios de comunicação desenvolvem estratégias e fórmulas de sedução mais e mais aperfeiçoadas: o ritmo alucinante das transmissões ao vivo, a linguagem concreta, plástica, visível?. Mexem com o emocional, com as nossas fantasias, desejos, instintos. Passam com incrível facilidade do real para o imaginário, aproximando-os em fórmulas integradoras, como nas telenovelas.
Em síntese, os Meios são interlocutores constantes e reconhecidos, porque competentes, da maioria da população, especialmente da infantil. Esse reconhecimento significa que os processos educacionais convencionais e formais como a escola não podem voltar as costas para os meios, para esta iconosfera tão atraente e, em conseqüência, tão eficiente. A maior parte do referencial do mundo de crianças e jovens provém da televisão. Ela fala da vida, do presente, dos problemas afetivos - a escola é muito distante e abstrata - e fala de forma viva e sedutora - a escola, em geral, é mais cansativa.
As crianças e jovens se acostumaram a se expressar de forma polivalente, utilizando a dramatização, o jogo, a paráfrase, o concreto, a imagem em movimento. A imagem mexe com o imediato, com o palpável. A escola desvaloriza a imagem e essas linguagens como negativas para o conhecimento. Ignora a televisão, o vídeo; exige somente o desenvolvimento da escrita e do raciocínio lógico. É fundamental que a criança aprenda a equilibrar o concreto e o abstrato, a passar da espacialidade e contigüidade visual para o raciocínio seqüencial da lógica falada e escrita. Não se trata de opor os meios de comunicação às técnicas convencionais de educação, mas de integrá-los, de aproximá-los para que a educação seja um processo completo, rico, estimulante. A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto.
Precisamos, em conseqüência, estabelecer pontes efetivas entre educadores e meios de comunicação. Educar os educadores para que, junto com os seus alunos, compreendam melhor o fascinante processo de troca, de informação-ocultamento-sedução, os códigos polivalentes e suas mensagens. Educar para compreender melhor seu significado dentro da nossa sociedade, para ajudar na sua democratização, onde cada pessoa possa exercer integralmente a sua cidadania.
Em que níveis pode ser pensada a relação Comunicação, Meios de Comunicação e Escola? Entendemos que esta pode ser pensada em três níveis:
1.      organizacional
2.      de conteúdo
3.      comunicacional
- no nível organizacional: uma escola mais participativa, menos centralizadora, menos autoritária, mais adaptada a cada indivíduo. Para isso, é importante comparar o nível do discurso - do que se diz ou se escreve - com a práxis - com as efetivas expressões de participação.
- no nível de conteúdo: uma escola que fale mais da vida, dos problemas que afligem os jovens. Tem que preparar para o futuro, estando sintonizada com o presente. É importante buscar nos meios de comunicação abordagens do quotidiano e incorporá-las criteriosamente nas aulas.
- no nível comunicacional: conhecer e incorporar todas as linguagens e técnicas utilizadas pelo homem contemporâneo. Valorizar as linguagens audiovisuais, junto com as convencionais.
Tem-se enfatizado a questão do conhecimento como essencial para uma boa educação. É básico ajudar o educando a desenvolver sua(s) inteligência(s), a conhecer melhor o mundo que o rodeia. Por outro lado, fala-se da educação como desenvolvimento de habilidades: "Aprender a aprender", saber comparar, sintetizar, descrever, se expressar.
Desenvolver a inteligência, as habilidades e principalmente, as atitudes. Ajudar o educando a adotar atitudes positivas, para si mesmo e para os outros. Aqui reside o ponto crucial da educação: ajudar o educando a encontrar um eixo fundamental para a sua vida, a partir do qual possa interpretar o mundo (fenômenos de conhecimento), desenvolva habilidades específicas e tenha atitudes coerentes para a sua realização pessoal e social. [[Ver o capítulo A comunicação na educação do livro Mudanças na comunicação pessoal de José Manuel Moran, São Paulo, Paulinas, 2000, páginas, 155-166]].
A transmissão de informação é a tarefa mais fácil e onde as tecnologias podem ajudar o professor a facilitar o seu trabalho. Um simples CD-ROM contém toda a Enciclopédia Britânica, que também pode ser acessada on line pela Internet. O aluno nem precisa ir a escola para buscar as informações. Mas para interpretá-las, relacioná-las, hierarquizá-las, contextualizá-las, só as tecnologias não serão suficientes. O professor o ajudará a questionar, a procurar novos ângulos, a relativizar dados, a tirar conclusões.
Que outras contribuições as tecnologias podem dar ao professor? As tecnologias também ajudam a desenvolver habilidades, espaço-temporais, sinestésicas, criadoras. Mas o professor é fundamental para adequar cada habilidade a um determinado momento histórico e a cada situação de aprendizagem.
As tecnologias são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam, medeiam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes.
As tecnologias permitem mostrar várias formas de captar e mostrar o mesmo objeto, representando-o sob ângulos e meios diferentes: pelos movimentos, cenários, sons, integrando o racional e o afetivo, o dedutivo e o indutivo, o espaço e o tempo, o concreto e o abstrato.
A educação é um processo de construção da consciência crítica. Como então se dá esse processo? Essa construção começa com a problematização dos dados que nos chegam direta e indiretamente - através dos meios, por exemplo - recontextualizando-os numa perspectiva de conjunto, totalizante, coerente, um novo texto, uma nova síntese criadora. Essa síntese integra os dados tanto conceituais quanto sensíveis, tanto da realidade quanto da ficção, do presente e do passado, do político, econômico e cultural. Falamos assim, de uma educação para a comunicação. Uma educação que procura ajudar as pessoas individualmente e em grupo a realizar sínteses mais englobantes e coerentes, tomando como partida as expressões de troca que se dão na sociedade e na relação com cada pessoa; ajudar a entender uma parte dessa totalidade a partir da comunicação enquanto organização de trocas tanto ao nível interpessoal como coletivo.
A educação para a comunicação precisa da articulação de vários espaços educativos, mais ou menos formais: educação ao nível familiar, trabalhando a relação pais-filhos-comunicação, seja de forma esporádica ou em momentos privilegiados, em cursos específicos também. A relação comunicação-escola, uma relação difícil e problemática, mas absolutamente necessária para o enriquecimento de ambas, numa nova perspectiva pedagógica, mais rica e dinâmica. Comunicação na comunidade, analisando os meios de comunicação a partir da situação de uma determinada comunidade e interpretando concomitantemente os processos de comunicação dentro da comunidade. Educação para a comunicação é a busca de novos conteúdos, de novas relações, de novas formas de expressar esses conteúdos e essas relações.
A escola precisa exercitar as novas linguagens que sensibilizam e motivam os alunos, e também combinar pesquisas escritas com trabalhos de dramatização, de entrevista gravada, propondo formatos atuais como um programa de rádio uma reportagem para um jornal, um vídeo, onde for possível. A motivação dos alunos aumenta significativamente quando realizam pesquisas, onde se possam expressar em formato e códigos mais próximos da sua sensibilidade. Mesmo uma pesquisa escrita, se o aluno puder utilizar o computador, adquire uma nova dimensão e, fundamentalmente, não muda a proposta inicial.

Integrar as mídias na escola
Antes da criança chegar à escola, já passou por processos de educação importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica. No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e suas linguagens. Os pais, principalmente a mãe, facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais ou menos maduras, o processo de aprender a aprender dos seus filhos.
A criança também é educada pela mídia, principalmente pela televisão. Aprende a informar-se, a conhecer - os outros, o mundo, a si mesmo - a sentir, a fantasiar, a relaxar, vendo, ouvindo, "tocando" as pessoas na tela, que lhe mostram como viver, ser feliz e infeliz, amar e odiar. A relação com a mídia eletrônica é prazerosa - ninguém obriga - é feita através da sedução, da emoção, da exploração sensorial, da narrativa - aprendemos vendo as estórias dos outros e as estórias que os outros nos contam.
Mesmo durante o período escolar a mídia mostra o mundo de outra forma - mais fácil, agradável, compacta - sem precisar fazer esforço. Ela fala do cotidiano, dos sentimentos, das novidades. A mídia continua educando como contraponto à educação convencional, educa enquanto estamos entretidos.
A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. O poder público pode propiciar o acesso de todos os alunos às tecnologias de comunicação como uma forma paliativa, mas necessária de oferecer melhores oportunidades aos pobres, e também para contrabalançar o poder dos grupos empresariais e neutralizar tentativas ou projetos autoritários.
Se a educação fundamental é feita pelos pais e pela mídia, urgem ações de apoio aos pais para que incentivem a aprendizagem dos filhos desde o começo das vidas deles, através do estímulo, das interações, do afeto. Quando a criança chega à escola, os processos fundamentais de aprendizagem já estão desenvolvidos de forma significativa. Urge também a educação para as mídias, para compreendê-las, criticá-las e utilizá-las da forma mais abrangente possível.
A educação para os meios começa com a sua incorporação na fase de alfabetização. Alfabetizar-se não consiste só em conscientizar os códigos da língua falada e escrita, mas dos códigos de todas as linguagens do homem atual e da sua interação. A criança, ao chegar à escola, já sabe ler histórias complexas, como uma telenovela, com mais de trinta personagens e cenários diferentes. Essas habilidades são praticamente ignoradas pela escola, que, no máximo, utiliza a imagem e a música como suporte para facilitar a compreensão da linguagem falada e escrita, mas não pelo seu intrínseco valor. As crianças precisam desenvolver mais conscientemente o conhecimento e prática da imagem fixa, em movimento, da imagem sonora ... e fazer isso parte do aprendizado central e não marginal. Aprender a ver mais abertamente, o que já estão acostumadas a ver, mas que não costumam perceber com mais profundidade (como os programas de televisão).
Antes de pensar em produzir programas específicos para as crianças, convém retomar, estabelecer pontos com os produtos culturais que lhes são familiares. Fazer re-leituras dos programas infantis, re-criação desses mesmos programas, elaboração de novos conteúdos a partir dos produtos conhecidos. Partir do que o rádio, jornal, revistas e televisão mostram para construir novos conhecimentos e desenvolver habilidades. Não perder a dimensão lúdica da televisão, dos computadores. A escola parece um desmancha-prazeres. Tudo o que as crianças adoram a escola detesta, questiona ou modifica. Primeiro deve-se valorizar o que é valorizado pelas crianças, depois procurar entendê-lo (os professores e os pais) do ponto de vista delas, crianças, para só mais tarde, propor interações novas com os produtos conhecidos. Depois podem-se exibir programas adaptados à sua sensibilidade e idade, programas que sigam o mesmo ritmo da televisão, mas que introduzam alguns conceitos específicos que, aos poucos, irão sendo incorporados.

Educação Infantil e a televisão


   Grande parte do conhecimento infantil é adquirido pela mídia eletrônica: computadores, vídeo-games, mas, sem dúvida, a televisão é o meio mais presente na vida familiar contemporânea.
   Muitos são os questionamentos em relação a ela: "Será que a TV é mesmo prejudicial?", "Será que meu filho vai se tornar uma pessoa passiva e sem criatividade por assistir TV durante muitas horas por dia?", "A violência e as cenas de sexo poderão influenciar no comportamento do meu filho?", "Devo censurar o que meu filho vê na TV?"
   A televisão é um professor poderoso e tem potenciais efeitos positivos que não podemos deixar de mencionar:
  1. Habilidades cognitivas: a TV pode ser eficaz no desenvolvimento de atividades de leitura, vocabulário, resolução de problemas e criatividade. Com ela a criança vê, aprende e aprimora conhecimentos com uma velocidade muito maior;
  2. Conteúdo acadêmico: aumenta a visibilidade de diversas áreas de conhecimento (história, música, ciência, arte, novas tecnologias, antropologia, literatura, etc.);
  3. Comportamento pró-social: estimula persistência na realização de tarefas, empatia, solidariedade, cooperação... (Campanha de educação para o trânsito, campanha pela preservação do livro didático, movimento em prol da natureza e do meio ambiente, etc.);
  4. Nutrição e saúde: promoção de hábitos positivos de saúde (Campanha anti-drogas e anti-tabagismo, campanha de prevenção de doenças como AIDS, dengue, febre amarela, etc.);
  5. Questões sociais e políticas: informações sobre acontecimentos locais, nacionais e mundiais (não só em noticiários, como também em programas de entretenimento).
   Porém, a televisão também tem muitos efeitos negativos que podem ser prejudiciais, principalmente para as crianças.
   As atividades são essencialmente sedentárias, tirando o tempo de outras predominantemente físicas; a televisão promove hábitos alimentares indesejáveis e reduz contatos interpessoais significativos, pois as atividades ligadas à mídia são freqüentemente solitárias, e, finalmente, consome grande quantidade de tempo diminuindo os horários disponíveis para o sono, tarefas de casa, leitura, socialização, comunicação familiar e assim por diante.
   Muitas pesquisas têm comprovado tais afirmativas; um estudo calculou que 60% da incidência de obesidade em jovens de 10 a15 anos está relacionada ao excesso da permanência em frente ao televisor; outros estudos descobriram que o aumento do uso do tabaco, do consumo de álcool e do início precoce da atividade sexual está relacionado ao conteúdo dos programas televisivos e dos anúncios (comerciais).
   Um exemplo de conteúdo preocupante é o modo como a sexualidade é mostrada na televisão: as atividades sexuais apresentadas, raramente ocorre entre cônjuges, raramente se demonstra a escolha da abstinência sexual (entre adolescentes, por exemplo), com pouca freqüência alude à contracepção e, com grande freqüência, contém elementos de coerção, degradação ou exploração.
   Além do que, explora demasiadamente o erotismo, um rígido padrão de beleza física e a nudez e, geralmente, não aborda de maneira correta temas relacionados às minorias, mulheres, gays e lésbicas.
    O enfoque incansável sobre o consumo promove valores de compra e de propriedade. A televisão opera a formação de consumidores e não a de cidadãos que eventualmente seriam também consumidores.
    A linha divisória entre o conteúdo dos programas e as mensagens comerciais é, quase sempre, obscurecida.
    Todos os programas infantis têm produtos para vender e a criança, ao adquirir tais produtos, experimenta o sentimento de 'pertença' ao grupo representado pelo programa. Ou seja, a televisão impõe às crianças que consumam determinados produtos.
    É bom lembrar que a TV é financiada por anunciantes que têm produtos e serviços a vender. Os produtores precisam captar a atenção do telespectador e mantê-la. Isso nem sempre é fácil.
   A exposição contínua pode dessensibilizar o telespectador, fazer com que ele gradativamente perca o interesse pelo conteúdo da programação.
   Os produtores tentam incitar emoções fortes nos telespectadores para obter sua atenção. E certas coisas provocam mais emoções fortes que outras.
    A violência é uma delas. Ela é universalmente compreendida e valorizada. Há evidências esmagadoras de que o entretenimento violento é um fator causal na promoção de atitudes e comportamentos violentos.
    Como a violência na mídia afeta o comportamento e as atitudes dos espectadores, especialmente crianças?
  1. Imitação de comportamento;
  2. Heróis violentos;
  3. Violência recompensada;
  4. Violência justificada;
  5. Dessensibilização (o aumento da visibilidade de situações violentas aumenta a tolerância, há um decréscimo na reação à violência e uma falta de solidariedade para com as vítimas);
  6. Aumento do medo (Gerbner: "síndrome do mundo cruel");
  7. Maior apetite pela violência;
  8. Violência realista;
  9. Cultura do desrespeito (David Walsh: "redefinimos a forma como devemos tratar uns aos outros").
   Mas é importante ressaltar que a televisão é apenas mais uma de muitas relações que a criança estabelece no mundo em que vive. As mensagens precisam de 'ganchos' para fazerem sentido no universo infantil.
A recepção varia de pessoa para pessoa, de acordo com seu histórico familiar, emocional, social – dependendo do meio em que está inserida – de acordo com as diferentes leituras de mundo. A história de vida da criança também vai determinar o que ela filtra das mensagens televisivas, geralmente 'fica' o que faz sentido para ela.
    Outra questão importante é que os programas de TV emplacam onde têm audiência. Muitas pessoas não admitem consumir (e gostar do ) 'lixo cultural'. O primeiro passo é refletir sobre o que a família assiste na televisão.
    Do livro A Televisão e a Violência: o impacto sobre a criança e o adolescente retirei parte do capítulo Uso da Mídia:
Sugestões aos pais:
  1. Fique alerta para os programas que seus filhos assistem;
  2. Evite usar a televisão, vídeos ou vídeo-games como se fossem uma babá (planejar uma outra atividade para a família);
  3. Limite o uso da mídia (uma ou duas horas de boa qualidade por dia);
  4. Mantenha aparelhos de TV e vídeo-games fora do quarto de seus filhos;
  5. Desligue o televisor durante as refeições;
  6. Ligue a TV somente quando houver algo específico que você decidiu que vale a pena assistir (decida com antecedência);
  7. Não transforme a TV no ponto central da casa. Evite colocá-la no lugar mais importante;
  8. Assista o programa que seus filhos estiverem assistindo (fale e faça conexões com seus filhos enquanto assistem o programa);
  9. Tome cuidado especial ao assistir programas antes de ir dormir;
  10. Informe-se sobre os filmes que estão passando e sobre os vídeos disponíveis para venda ou aluguel;
  11. Torne-se um alfabetizado em mídia;
  12. Limite sua própria permanência em frente à televisão. Seja cuidadoso quando as crianças estiverem por perto e puderem observar seu programa;
  13. Faça-se ouvir. É necessário que insistamos numa melhor programação para nossos filhos.http://www.emnovaeuropa.com.br/zedafatec/artigos/8dez26-a-televisao-na-infancia.html

quarta-feira, 18 de abril de 2012


O Computador e a Educação: uma análise sobre funções e competências

    Quando se pensa em computador na educação, provavelmente pergunta-se: Como seria o uso inteligente dessa máquina na educação? Seria repetir o que o professor tradicional faz nas salas de aulas com uma lousa, isto é, passar as informações aos alunos, avaliar e administrar as atividades propostas e realizadas pelo aluno, como se o computador fosse um clone do professor; ou a utilização do computador na educação de forma inteligente, seria incluir mudanças no sistema atual de ensino, fazendo com que este fosse utilizado pelo aluno como uma ferramenta para a construção do conhecimento, possibilitando a ele criar, pensar e manipular a informação?
    Para a análise destas perguntas, deve ficar claro que a utilização inteligente do computador, não é um atributo do mesmo, mas a maneira como é concebida a tarefa em que ele será utilizado. Certamente existem professores que participam de um  sistema educacional mais conservador, que desejam ferramentas que tenham como característica o controle de diversas tarefas específicas do processo atual de ensino. Vários sistemas computacionais, foram e ainda estão sendo desenvolvidos  com essas características, desempenhando tarefas que contribuíram para essa abordagem educacional e que serão, com certeza, muito valorizados por profissionais que compartilham dessa visão de educação. Por outro lado, existem profissionais que se enquadram em sistemas de ensino mais sofisticados que desejam sistemas computacionais com qualidades de inteligência; sendo possível a estes sistemas, identificar os erros cometidos pelos alunos e, mesmo, indicar tarefas de acordo com o nível de aprendizado do aluno.
    Então, fica claro que a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser executada sem que se faça considerações a respeito do contexto pedagógico no qual será utilizado. Um software só pode ser classificado como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Para que se faça a qualificação de um software é preciso ter muito claro a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto.
    O uso inteligente do computador na educação deverá procurar promover mudanças na abordagem pedagógica vigente; e não apenas colaborar com o professor, para tornar mais eficiente o processo de transmissão de conhecimento. A utilização da informática na educação deve ser analisada como processo de modernização, renovação e troca de resultados. A partir daí será abordado sucintamente quais as características que um software deve ter para que ele promova o ensino ou auxilie no conhecimento.
 

1. O Uso do Computador na Educação
    O uso do computador na educação tem como papel ultrapassar as fronteiras do educar convencional, dando oportunidade às escolas de renovar a forma de se trabalhar os conteúdos programáticos. A informática na educação possibilita ao educando a construção do seu conhecimento, transformando a sala de aula num espaço real de interação, de troca de resultados, e adaptando os dados à realidade do educando.
    Segundo Valente:  “À educação cabe hoje o papel norteador, para superação das crises do trabalho, transitando do homo studioso para homo universalis”. Não se discute mais, o uso ou não do computador nas escolas; pois a informática é uma realidade na vida social de praticamente senão todas as áreas. No entanto, a questão é como a informática pode ser utilizada de forma mais proveitosa?
    Para responder esta questão, é preciso resolver algumas diretrizes essenciais: vencer o preconceito com relação à máquina (computador); e, elaborar uma planilha que contenha as principais necessidades pedagógicas em sala de aula, esta listagem poderá ser resolvida com a ajuda de um especialista, e o computador terá como atendê-la.
    Os computadores nada mais são do que o meio e não o fim, isto é, eles são somente solucionadores de problemas; mas que sozinhos não fazem nada, e só podem se tornar úteis com a ajuda de um bom especialista - nesta situação, o professor pois é ele quem detém o conhecimento teórico.
    A introdução do computador, no ambiente escolar, é hoje uma necessidade para o crescimento de uma pedagogia inovadora, assentada na capacidade de educadores propensos a didáticas renovadas. E, a importância do papel do educador neste processo informatizado está em se conscientizar de que não é ele quem deve indicar o que é próprio de cada educando, mas sim é papel dele estar constantemente atento ao poder de cada um. Então, se o educador não se colocar dentro de seu tempo e caminhar em direção ao desenvolvimento, ficará muito difícil gerar uma atuação docente de qualidade.
    O educador aprendiz se defronta então, com uma nova concepção na construção de seu conhecimento, devendo ficar consciente de que a tecnologia computadorizada não se resume em mouse, teclado, CPU e software, mas sim em saber empregá-los numa realidade pedagógica existencial.
    Um componente muito importante neste processo é o educando, ele é antes de tudo o fim. É para ele que se aplica o desenvolvimento das práticas educativas, com objetivo de levá-lo a se inteirar e a construir seu conhecimento, através da interatividade com o ambiente de aprendizagem. O educando é participante ativo nesse processo de aprendizagem, interagindo e tendo claro os objetivos do aprendizado.
    Se o computador pode ser usado para auxiliar a transformação da escola, mesmo sabendo dos desafios que essa transformação apresenta, então essa solução é mais promissora e mais inteligente do que usar o computador para informatizar o processo de ensino.
    Tendo visto estas necessidades, as escolas devem promover um espaço de construção cooperativa dos conhecimentos, desenvolvendo no aluno uma consciência crítica e assim revolucionar o processo pedagógico, deixando-o mais interativo e com atualizações constantes. É preciso existir uma aliança na utilização de novas tecnologias, buscando a possibilidade de criar e transformar conhecimentos estimulando a comunicação entre as pessoas e visando a expansão da autonomia pessoal nos processos de aprendizado.
    Partindo destes pressupostos, a Internet também pode ser usada como um recurso que vem de encontro às expectativas de mudança, pois ela revoluciona o processo ensino-aprendizagem, no qual o aluno tem acesso às informações, tem autonomia na maneira de buscar o conhecimento e racionalizar o tempo. A transmissão do conhecimento acontece de forma diferente, ou seja, não precisa necessariamente acontecer em um ambiente restrito e estar em constante contato com o professor em sala de aula.
    Observa-se, também, que a Internet se apresenta como uma ferramenta indubitavelmente excelente na Educação. Ela deixa claro que não só a escola sairá ganhando com seu uso, mas também a sociedade, pois dispor-se-á de profissionais mais preparados, dotados de postura crítica e autocrítica, e com grande capacidade de pesquisa, de busca do conhecimento; visando assim, consciente e inconscientemente, um constante aprimoramento pessoal, profissional, cultural e de conhecimentos gerais. Só estes argumentos, necessários e suficientes, mostram que a Internet na Educação e a Educação na Internet propiciam um desenvolvimento (com base no conhecimento) amplo da sociedade como um todo, e justificam o emprego desta poderosa ferramenta.
 

2. Professor e Aluno: competências
    O uso destas tecnologia irá mudar o enfoque do processo escolar para o qual os usuários terão um crescimento intelectual e profissional de acordo com seus objetivos. O processo ensino-aprendizagem terá um novo enfoque, conforme cita Robert Branson:
  • O professor não será mais o detentor do conhecimento e o aluno simplesmente o receptor; mas professores e alunos irão interagir visando um maior aprimoramento, mudando assim o paradigma nos dias de hoje da educação.
    Desta maneira, o professor assumirá várias funções como: estimular a pesquisa em rede; servir de base para alcançar objetivos; colaborar com apoio multidisciplinar; incentivar a interação entre alunos; coordenar trabalhos; fornecer endereços interessantes na Internet; leitor e crítico; autor de textos e verificador de metas. 
    Por sua vez, o aluno irá participar lendo, escrevendo e auxiliando no intercâmbio de informações entre ele, os professores e os demais colegas. 
    O sistema educacional estará assim estimulando a criatividade, dinamizando o ensino em sala de aula, tendo resultados sempre aprimorados. Partindo deste princípio, a metodologia educacional fará com que o professor passe constantemente por uma reciclagem, saindo da rotina em que possivelmente poderá se encontrar. 
    E, o aluno não será mais passivo e desinteressado dentro do processo educacional, deixando-se afetar por estratégias diferentes de aprendizagem como por descoberta, coletividade e simulações da realidade. O aluno terá também a vantagem de trabalhar de maneira organizada quando não estiver no ambiente educacional sem que perca o interesse e a estimulação, mas desenvolvendo-os por conta própria.
3. Conclusão
    A participação do computador dentro das salas de aulas, pode ser visto como um mundo muito novo, onde conceitos podem ser ensinados aos alunos de formas nunca antes imaginados através de sistemas audiovisuais, utilizando-se de sons e imagens, transformando assim a sala de aula em um laboratório virtual.
    A partir deste novo contexto de ensino-aprendizagem, tanto o aluno quanto o professor obtêm resultados positivos; o aluno através da diversidade, da dinâmica de exploração das informações e do intercâmbio de informações e idéias com outros alunos de outras escolas e outras culturas e, já o professor através da possibilidade de reciclagem de conhecimentos, ampliação de conceitos e de sua didática.
    Observa-se que, o uso da tecnologia pode contribuir para ajudar e viabilizar o ensino, criando novas possibilidades principalmente como apoio pedagógico e em cursos de Educação à Distância. A Internet é uma ferramenta pedagógica que facilita a comunicação e a troca de opiniões entre todos em geral; aproximando as pessoas, geograficamente distantes, no mundo, sem distinção de credo, raça ou ideologia com o objetivo primeiro de discussão para o crescimento em conjunto.
 

Bibliografia Consultada
BRANSON, Robert. Issues in the design of schooling: changing the paradigm. Educational Technology. p.7-10, april, 1990.
MEDEIROS FILHO, Dante Alves  & CINTRA, Jorge Pimentel. Avaliação do Uso de Computadores no Processo de Ensino e Aprendizagemhttp://www.insoft.softex.br/~scie/1999/DanteARibeiroFilho-AvaliacaoEnsinoEAprendizagem.html
OLIVEIRA, Gilca dos S. V.. Softwares Educacionais: Estudo e Implantação. Uberlândia/MG, UNIT – Centro Universitário do Triângulo, Dezembro de 1999. 97p. (Monografia de Conclusão de Curso).
VALENTE, José Armando. Diferentes usos do Computador na Educação.
http://www.nuted.edu.ufrgs.br/biblioteca/artigos/uso_comp_educacao.html
VALENTE, José A.. O Uso Inteligente do Computador na Educaçãohttp://www.proinfo.mec.gov.br/didatica/testosie/txtusointe.shtm 



http://www.pgie.ufrgs.br/alunos_espie/espie/silviab/public_html/espieufrgs/espie00001/usocomputador.html

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Educação e mídia é igual a água e óleo?

    Hoje é difícil falar de algum tema sem deste assunto tão polêmico que é a mídia. Temos várias opiniões alguns acreditam que ela prejudica e outras que é uma ferramenta mal usada na nossa sociedade. Pessoalmente acredito que a mídia é necessária na educação, pois na sociedade contemporânea tudo está envolvida com ela, crianças passam pelo menos a metade de seu tempo livre em frente de um computador ou televisão. Não está em dúvida que esse meio de informação influencia as massas mundiais. A escola não está conseguindo tirar proveito dessa preciosidade, hoje vemos pessoas que sabem mexer em qualquer mídia ou tecnologia mas não sabe escrever o seu nome ou cálculos básicos como adição, subtração, divisão ou multiplicação.
    Por meio desse blog pretendo mostrar as alternativas para unir a tecnologia e mídia com a educação. Podendo auxiliar os educadores e até a mim quando estiver atuando na área docente após minha formatura.