Grande parte do conhecimento infantil é adquirido pela mídia
eletrônica: computadores, vídeo-games, mas, sem dúvida, a televisão é o
meio mais presente na vida familiar contemporânea.
Muitos são os questionamentos em relação a ela: "Será que a TV é
mesmo prejudicial?", "Será que meu filho vai se tornar uma pessoa
passiva e sem criatividade por assistir TV durante muitas horas por
dia?", "A violência e as cenas de sexo poderão influenciar no
comportamento do meu filho?", "Devo censurar o que meu filho vê na TV?"A televisão é um professor poderoso e tem potenciais efeitos positivos que não podemos deixar de mencionar:
- Habilidades cognitivas: a TV pode ser eficaz no desenvolvimento de atividades de leitura, vocabulário, resolução de problemas e criatividade. Com ela a criança vê, aprende e aprimora conhecimentos com uma velocidade muito maior;
- Conteúdo acadêmico: aumenta a visibilidade de diversas áreas de conhecimento (história, música, ciência, arte, novas tecnologias, antropologia, literatura, etc.);
- Comportamento pró-social: estimula persistência na realização de tarefas, empatia, solidariedade, cooperação... (Campanha de educação para o trânsito, campanha pela preservação do livro didático, movimento em prol da natureza e do meio ambiente, etc.);
- Nutrição e saúde: promoção de hábitos positivos de saúde (Campanha anti-drogas e anti-tabagismo, campanha de prevenção de doenças como AIDS, dengue, febre amarela, etc.);
- Questões sociais e políticas: informações sobre acontecimentos locais, nacionais e mundiais (não só em noticiários, como também em programas de entretenimento).
As atividades são essencialmente sedentárias, tirando o tempo de outras predominantemente físicas; a televisão promove hábitos alimentares indesejáveis e reduz contatos interpessoais significativos, pois as atividades ligadas à mídia são freqüentemente solitárias, e, finalmente, consome grande quantidade de tempo diminuindo os horários disponíveis para o sono, tarefas de casa, leitura, socialização, comunicação familiar e assim por diante.
Muitas pesquisas têm comprovado tais afirmativas; um estudo calculou que 60% da incidência de obesidade em jovens de 10 a15 anos está relacionada ao excesso da permanência em frente ao televisor; outros estudos descobriram que o aumento do uso do tabaco, do consumo de álcool e do início precoce da atividade sexual está relacionado ao conteúdo dos programas televisivos e dos anúncios (comerciais).
Um exemplo de conteúdo preocupante é o modo como a sexualidade é mostrada na televisão: as atividades sexuais apresentadas, raramente ocorre entre cônjuges, raramente se demonstra a escolha da abstinência sexual (entre adolescentes, por exemplo), com pouca freqüência alude à contracepção e, com grande freqüência, contém elementos de coerção, degradação ou exploração.
Além do que, explora demasiadamente o erotismo, um rígido padrão de beleza física e a nudez e, geralmente, não aborda de maneira correta temas relacionados às minorias, mulheres, gays e lésbicas.
O enfoque incansável sobre o consumo promove valores de compra e de propriedade. A televisão opera a formação de consumidores e não a de cidadãos que eventualmente seriam também consumidores.
A linha divisória entre o conteúdo dos programas e as mensagens comerciais é, quase sempre, obscurecida.
Todos os programas infantis têm produtos para vender e a criança, ao adquirir tais produtos, experimenta o sentimento de 'pertença' ao grupo representado pelo programa. Ou seja, a televisão impõe às crianças que consumam determinados produtos.
É bom lembrar que a TV é financiada por anunciantes que têm produtos e serviços a vender. Os produtores precisam captar a atenção do telespectador e mantê-la. Isso nem sempre é fácil.
A exposição contínua pode dessensibilizar o telespectador, fazer com que ele gradativamente perca o interesse pelo conteúdo da programação.
Os produtores tentam incitar emoções fortes nos telespectadores para obter sua atenção. E certas coisas provocam mais emoções fortes que outras.
A violência é uma delas. Ela é universalmente compreendida e valorizada. Há evidências esmagadoras de que o entretenimento violento é um fator causal na promoção de atitudes e comportamentos violentos.
Como a violência na mídia afeta o comportamento e as atitudes dos espectadores, especialmente crianças?
- Imitação de comportamento;
- Heróis violentos;
- Violência recompensada;
- Violência justificada;
- Dessensibilização (o aumento da visibilidade de situações violentas aumenta a tolerância, há um decréscimo na reação à violência e uma falta de solidariedade para com as vítimas);
- Aumento do medo (Gerbner: "síndrome do mundo cruel");
- Maior apetite pela violência;
- Violência realista;
- Cultura do desrespeito (David Walsh: "redefinimos a forma como devemos tratar uns aos outros").
A recepção varia de pessoa para pessoa, de acordo com seu histórico familiar, emocional, social – dependendo do meio em que está inserida – de acordo com as diferentes leituras de mundo. A história de vida da criança também vai determinar o que ela filtra das mensagens televisivas, geralmente 'fica' o que faz sentido para ela.
Outra questão importante é que os programas de TV emplacam onde têm audiência. Muitas pessoas não admitem consumir (e gostar do ) 'lixo cultural'. O primeiro passo é refletir sobre o que a família assiste na televisão.
Do livro A Televisão e a Violência: o impacto sobre a criança e o adolescente retirei parte do capítulo Uso da Mídia:
Sugestões aos pais:
- Fique alerta para os programas que seus filhos assistem;
- Evite usar a televisão, vídeos ou vídeo-games como se fossem uma babá (planejar uma outra atividade para a família);
- Limite o uso da mídia (uma ou duas horas de boa qualidade por dia);
- Mantenha aparelhos de TV e vídeo-games fora do quarto de seus filhos;
- Desligue o televisor durante as refeições;
- Ligue a TV somente quando houver algo específico que você decidiu que vale a pena assistir (decida com antecedência);
- Não transforme a TV no ponto central da casa. Evite colocá-la no lugar mais importante;
- Assista o programa que seus filhos estiverem assistindo (fale e faça conexões com seus filhos enquanto assistem o programa);
- Tome cuidado especial ao assistir programas antes de ir dormir;
- Informe-se sobre os filmes que estão passando e sobre os vídeos disponíveis para venda ou aluguel;
- Torne-se um alfabetizado em mídia;
- Limite sua própria permanência em frente à televisão. Seja cuidadoso quando as crianças estiverem por perto e puderem observar seu programa;
- Faça-se ouvir. É necessário que insistamos numa melhor programação para nossos filhos.http://www.emnovaeuropa.com.br/zedafatec/artigos/8dez26-a-televisao-na-infancia.html
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